sábado, 10 de outubro de 2015

Cabelo, cabelera, cabeluda, descabelada


Cabelo raspadinho, estilo Ronaldinho, cabelo pintado ou verão... Cabelo é mais que um pedaço de nós. É autoestima. É identidade. É vida. E algumas pessoas levam esse lance tão a sério que exageram no trato com a cabelera.

Pra mim o cabelo sempre foi uma parte minha muito importante. Ao longo da vida já adotei vário estilos pro meu hair. Na infância, como eu ainda não conhecia a química dos salões de beleza era mais pro black power (ou “reservatório d’água”, como diz meu tio).

Já mais adulta (lá pelos dez anos), adotei o famoso estilo “channel”. Gostava das minhas madeixas na altura dos ombros. Ah.. a liberdade! Tudo bem que tinha dias em que elas se rebelavam contra mim e resolviam armar ao estilo 180º e eu sentia como se minha cabeça virasse um compasso daqueles que a gente usa na escola.

Até que chegaram meus tão esperados 15 anos, aquela fase em que a menina vira mulher e, na minha época, o dia de ganhar a primeira progressiva e da mamãe deixar um rim no salão, pois alisar o cabelo não era assim tão acessível como hoje em dia. Das mãos da cabeleireira direto para a passarela das ruas. No caminho até em casa, com o vento esvoaçando meus fios lisos, eu fazia cara de sexy pra combinar e ao atravessar a rua virava com desenvoltura para os dois lados, exibindo todo aquele balanço.

E quando eu já me imaginava saindo da piscina com os cabelos lisos, enfrentei a primeira chuva. O penteado escorrido tipo “a vaca lambeu” agora estava mais parecido com o “super choque”. Aquilo me abalou emocionalmente. Foi caro pra caramba! E eu descobri cedo que o formol ainda não tinha chegado aos salões do meu bairro.

Desde então, persisti. Durante anos seguidos os pobres fios da minha cabeça enfrentaram o calor da escova e da chapinha. E dos meus olhos brotaram muitas lágrimas causadas pelos produtos ultramegapower fortes que a nova cabeleireira usava. E finalmente… consegui os tão desejados cabelos lisos que pareciam naturais. Que maravilha! #sóquenão

Depois de sofrer tanto pra alisar o cabelo, o inesperado acontece: volta a moda dos cabelos naturais e principalmente dos lindos cachos! Droga!! E agora, o que eu faço?! Já tem mais formol no meu cabelo do que no IML. Nem que eu queira, ele não volta tão facilmente a ficar cacheado. E eu tenho que novamente desafiar a “’natureza” e ir na contramão junto com as eternas insatisfeitas com a própria aparência e reféns da indústria da moda (constatação triste porém verídica).

Deixo meu cabelo crescer. Mas como é difícil esperar. Depois de quase um ano de agonia, os cachos começam a dar o ar da graça… mas só no cucuruco da minha cabeça, porque as pontas ainda estão lisas como o brasileiro depois da crise. E eis que fico parecidíssima com artista de televisão. Taís Araújo? Camila Pitanga? Juliana Paes? Nada disso: foi com o Adamastor Pitaco, da Praça é Nossa.  Aquele, que tem metade do cabelo liso e outra enrolado porque uma puxou da mãe e outra do pai.

Pois é, não é fácil cuidar do hair. Mas se eu puder dar apenas um conselho às lindas de plantão: use protetor solar. Mentira! O conselho é: aceita que dói menos. Parece zueira, mas é uma das frases mais verdadeiras desta geração. Aceitarmos a nós mesmos, nosso corpo, incluindo nosso cabelo, é realmente nos sentirmos mais felizes. E isso cura qualquer dor. Não importa se você é daquelas que prefere alisar, deixar enrolado, fazer permanente, pintar de azul ou roxo, cortar bem curtinho ou deixar longo até os pés. Saiba que com qualquer visual você estará sempre linda. Não existe padrão. A moda muda. Mas a autoestima sempre permanece. Ame-se!

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Mulher de bigode


Hoje meu namorado romanticamente me olhou e disse: “Nossa, você está com bigode!” Que bom que ele foi gentil de me avisar, talvez eu não tivesse percebido. Mas muito mais do que pensar na cera colada no meu buço ou ainda na pinça arrancando cada fio de cabelo do meu “bigodón”, comecei a fazer reflexões profundas a respeito da vida.

É claro que nenhuma mulher gostaria de ouvir o que eu ouvi hoje. Foi como um chute na boca do estômago da minha autoestima. Acho que ele deu sorte por eu não estar de TPM. Ao invés de planejar como matá-lo lentamente, da forma que ele mais sentisse dor, decidi apenas escrever.

Nos últimos 20 anos da minha vida nunca me vi tão atarefada. Estou terminando o último semestre de Jornalismo. E pra conseguir me formar, tenho que ter meu fotolivro em mãos daqui a exatos 47 dias. Também estou fazendo cursinho pré-vestibular para começar outra faculdade. Meus dias se resumem em ler, escrever, estudar, comer, dormir e pegar ônibus. Ou quase isso, para ser menos dramática.

E neste universo de afazeres, por acaso me esqueci de “tirar o bigode”. Mas quer saber, enquanto eu depilo o buço, quem é que vai fazer todas as outras coisas pra mim? Meu namorado é que não é. Afinal ele já tem uma série de compromissos com a própria vida.

Não basta se esforçar, depilar as pernas e quase tudo mais. Afinal, eu deixei lá o bigode. Quase como que gritando: “Ei, eu estou aqui. De mim você não vai se livrar. Quando menos espera eu nasço de novo!!!”

Meu namorado deve ter pensado na hora: “com mulher de bigode, nem o diabo pode!” Sem contar que deve ter se preocupado do meu amiguinho crescer mais que os fios da barba mal feita dele. Afinal, eu sou como um produto. E se ele é o consumidor, tem todo direito de reclamar. Ou não!?

Nós, mulheres modernas, vivemos às voltas com milhões de tarefas. Como um bando de equilibristas tentamos fazer tudo bem-feito. Mas vocês.. garanhões do século XXI, não precisam fazer as unhas, tirar as sobrancelhas, gritar de dor na hora da depilação, hidratar os cabelos, escová-los, ensebar a pele de cremes. (Bom, a não ser os metrossexuais, que fazem tudo isso e ainda entendem de moda muito mais que eu).

E aquela história que ele me disse... “há menos beleza no salão de beleza”? Soou horrível pra mim, mas era música para os ouvidos dele. É a hipocrisia da sociedade moderna! Quer saber? Há mais beleza no salão de beleza. Ou vocês acham que nós mulheres já nascemos prontas e não necessitamos de horas de arrumação antes de uma festa ou um encontro romântico?

Não deveria me render à escravidão da constante busca pela estética. Achar que valho menos porque estou com a sobrancelha malfeita ou as unhas sem esmalte. Mas também não quero ganhar nenhum concurso do maior bigode da cidade morena. Então, já anotei na minha agenda: depilar o buço!

Sou mais uma que se rende aos encantos e frustrações da procura pela perfeição. E pode deixar, amor. Nunca mais vou deixar meu bigode crescer mais que o seu.

Homens, valorizem as mulheres que têm! Sejam elas suas namoradas, esposas, mães ou irmãs. Não é fácil ser bonita, inteligente e divertida. Tudo ao mesmo tempo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Não sou obrigada


Como os relacionamentos modernos são efêmeros. Às vezes você nem tinha visto que a pessoa mudou o status do Facebook pra lance sério e ela já está solteira outra vez. Ninguém mais esquenta lugar. Nessas horas até bate aquela nostalgia e quase que sem querer vem o velho lugar comum.. “antigamente não era assim”. Mas o que mudou então?

Antigamente as pessoas casavam mais cedo e as relações eram mais duradouras. Uma vida inteira às vezes. Um do lado do outro, comendo sal juntos (como diz minha vó). Anos e anos de alegrias e muitas vezes de uma vida bem mais difícil (não havia toda a comodidade que as tecnologias nos proporcionam hoje em dia).

Porém, naquela época, que felizmente ficou pra trás, nós mulheres não tínhamos reconhecidos os direitos que temos hoje. Não podíamos escolher estudar mais, ou trabalhar fora de casa, ganhar seu próprio sustento e ter independência financeira. Ficávamos a mercê dos nossos maridos depois do casamento.

Também éramos educadas pra “consertá-los”, ao invés de “descartá-los” (como é mais comum hoje). Mas o que isso significava? Muitas vezes fechar os olhos às traições e outros desrespeitos com os quais éramos tratadas. Sermos cordiais, amáveis, excelentes donas de casa, irrepreensíveis pela sociedade. E, por que não dizer, não raramente infelizes.

Não digo que todos os casamentos eram assim. Afinal, sou uma romântica incurável e acredito no amor verdadeiro, em relacionamentos cheios de cumplicidade, alegria, companheirismo e afeto. Sempre haverá casais que se amam e são felizes juntos. E, pra esses, nem a eternidade é tempo suficiente pra estar ao lado da pessoa amada.

Eu me refiro àquelas mulheres que engoliam muitos sapos mas jamais pensavam em se divorciar por medo de serem julgadas e condenadas pela sociedade (pois ela não perdoa). E por isso esqueciam-se de suas próprias vontades, de seu bem-estar e seu amor próprio.

Foi isso que mudou. Hoje em dia não importa mais o que a sociedade pensa (até porque os julgamentos já não são tãaao ferrenhos assim). Mulheres têm mais oportunidades de trabalho e independem do marido para seu sustento. Também aprendemos que antes de amá-los, precisamos amar a nós mesmas. Não somos obrigadas a viver uma vida amargurada, infeliz, de aparências. Vivemos sempre em busca da nossa felicidade.

Os homens também mudaram. Pelo menos alguns. E os mais espertos já se deram conta de que pra manter a mulher moderna ao seu lado é preciso suar a camisa, conquistá-la todos os dias, ser gentil, romântico, educado e sempre uma boa companhia.

Queremos ser cobertas de amor, afeto, respeito. Não nos sujeitamos mais a ficar ao lado de alguém que não nos faça o mais feliz que podemos ser. Buscamos relacionamentos saudáveis como nossas emoções e pensamentos.

Portanto, fica a dica: se quer uma princesa ao seu lado, seja um príncipe para ela. 

Ai que medo!


Neste exato momento minhas pernas tremem meu coração acelera minha respiração fica ofegante e minha vontade é sair correndo. MEDO. Morro de medo de escrever. E quando escrevo, tenho mais medo ainda que você leia. Escrevo e apago e demoro a acreditar que daqui pode sair um texto realmente bom.

E olha que esse não é meu único medo. Tenho muitos outros na coleção. Se bem que alguns já foram descartados. E, por mais apavorante que pareça, sabe como eles foram simplesmente riscados da lista? Eu os enfrentei!

Eu sei. A pior coisa pra dizer a alguém medroso é: “você tem medo disto? Pois então vá lá e faça”. Mas não é que funciona mesmo?!

Medo é nada mais que uma insegurança causada pela falta de conhecimento ou de prática em determinada atividade. Pois quando você tem certeza que dá conta do recado, aí amigo, é so correr pro abraço.

Por exemplo… Eu entrei este ano em um grupo de teatro, mesmo tendo uma convicção inabalável de que era uma péssima atriz. Isto porque da última vez que lembrava estar em um palco, tinha apenas três falas, esqueci absolutamente todas!, e tive que improvisar. Talvez ninguém tenha percebido a gafe, pois não conheciam o texto mesmo (pra minha sorte), mas o trauma ficou em mim.

No primeiro espetáculo, estrelei como árvore (minha família achou lindo, tá?). Cantei, dancei e não dei um passinho sequer pra for a da minha zona de conforto, pois não tinha nenhuma fala. Agora, nesta peça, começamos com aquelas dinâmicas assustadoras (aquelas que quando chega a hora da vontade de dar no pé e se esconder no primeiro buraco que encontrar pela frente de tanta vergonha). Eu, novamente tinha três falas, e, acredite se puder: esqueci o texto de novo! Então dei um sorrisinho amarelo e disse “peraí, esqueci o texto”, como se fizesse parte do script. Todos riram. Pensei: eu sou sóda!! Erro e ainda arranco gargalhadas da platéia. Mas logo o riso virou pranto (tá bom,  tô exagerando). Mas levei uma esfregada por não ter improvisado e continuado a cena. (E eu que achei que estava abafando).

Se eu fiquei com vergonha porque falaram sobre o meu deslize por meia hora e me usaram como exemplo do que nunca fazer em cena? Imagina.. claro que SIM. Porém, aprendi uma lição: se der tudo errado na hora da peça, não cague ainda mais na cena, please! E isso hoje me deixa mais segura. Porque posso ainda não saber o que fazer, mas já sei o que não fazer.

E quer saber? Perdi o medo! O pior já passou mesmo (pelo menos por enquanto) e não foi assim tãaao ruim quanto eu imaginei que fosse.

Isso me faz criar coragem pra enfrentar meus medos. E é o que estou fazendo agora. Pois se este texto não ficar assim tão profissa quanto os do Jorge Amado, com um pouco de treino e paciência estarão cada vez menos piores até o dia em que fiquem bons!

E eu gostei. Até porque minhas pernas já estão menos trêmulas, meu coração bate no compasso normal e minha respiração está mais contida. O medo passou. E se ele voltar, ensino uma lição pra esse danadinho. Deixa comigo!

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Na rua, na chuva, na fazenda ou numa casinha de sapê


Ter um amor.. quem não quer um pra chamar de seu? Mô, mozão, mozim. Alguém pra dar presente no dia dos namorados, pra dividir a conta do cinema e do restaurante, pra mudar o status do Facebook. Mas será que é só isso mesmo?! Pra algumas pessoas a reposta é clara: sim! Elas seguem aquele pensamento de “antes mal acompanhada que só” ou ainda “ruim com ele pior sem ele”(como minha vó se refere ao aparelho auditivo dela).

Por isso vemos tantas pessoas entrando numa barca furada achando que são o Jack e a Rose do Titanic. Ficam juntas por costume, porque ele tem dinheiro, ela é boa de cama, ou ainda porque não estava fazendo nada mesmo… melhor “aproveitar”. Isso é mais comum do que a gente imagina.

Mas meu sonho não quer se contentar com tão pouco. Quero um amor daqueles dos romances que eu leio.. onde o mocinho e a mocinha enfrentam o mundo inteiro, sofrem, choram, mas no final ficam juntos. Ah, isso é tão água com açúcar... tão ultrapassado. Mas é lindo. O problema é que não é sempre que se vive uma história de amor tão fofis como essa.

Então vamos para o amor real. Aquele de acordar toda desgrenhada do lado do amado, de pegar ônibus junto, de cuidar do outro quando ele está doente. Afinal, nem tudo são flores em um namoro ou casamento. Mas também tem os momentos fofinhos, quando ele te dá flores e bombons e diz que você é a mulher mais linda do mundo. Quando você encontra uma cartinha na sua bolsa com uma declaração de amor. Quando você quase mata ele de tanta raiva que fica e no final descobre que tudo era uma bela surpresa.

E apesar de não estarmos naufragando no Titanic ou enfrentando os vilões que tentam nos separar (na maioria das vezes o problema somos nós mesmos), ainda assim é bonito estar com meu namorado. Quando eu vou dormir a voz dele é a última que eu ouço. Quando tenho um compromisso sei que ele vai fazer o possível pra estar comigo. Não importa se eu more numa casa luxuosa ou num barraquinho, eu sei que ele vai se sentir muito feliz de me visitar. Seja pra ir a um restaurante fino ou só passear de mãos dadas na praça, sempre vai ser especial. Eu tenho alguém que vai estar comigo na rua na chuva na fazenda ou numa casinha de sapê (de sapê).

E num belo texto que eu li, descobri que amor é construção, em que a gente deposita um tijolo por dia e tem que colocar bastante argamassa pra sustentar. Que as almas gêmeas são aquelas que a gente já aprendeu a amar. Porque “o amor não é uma criação de segundos, mas uma aquisição de milênios”. Amar dá trabalho, tem de suar a camisa, ter paciência. Cuidar desse sentimento como se ele fosse uma samambaia bebê (essa minha amiga viu num filme), que precisa ser regada todos os dias pra crescer bem bonita.

E quem sabe um dia, no meio da calmaria, não venha o turbilhão de uma história de amor de folhetim.