terça-feira, 6 de outubro de 2015

Mulher de bigode


Hoje meu namorado romanticamente me olhou e disse: “Nossa, você está com bigode!” Que bom que ele foi gentil de me avisar, talvez eu não tivesse percebido. Mas muito mais do que pensar na cera colada no meu buço ou ainda na pinça arrancando cada fio de cabelo do meu “bigodón”, comecei a fazer reflexões profundas a respeito da vida.

É claro que nenhuma mulher gostaria de ouvir o que eu ouvi hoje. Foi como um chute na boca do estômago da minha autoestima. Acho que ele deu sorte por eu não estar de TPM. Ao invés de planejar como matá-lo lentamente, da forma que ele mais sentisse dor, decidi apenas escrever.

Nos últimos 20 anos da minha vida nunca me vi tão atarefada. Estou terminando o último semestre de Jornalismo. E pra conseguir me formar, tenho que ter meu fotolivro em mãos daqui a exatos 47 dias. Também estou fazendo cursinho pré-vestibular para começar outra faculdade. Meus dias se resumem em ler, escrever, estudar, comer, dormir e pegar ônibus. Ou quase isso, para ser menos dramática.

E neste universo de afazeres, por acaso me esqueci de “tirar o bigode”. Mas quer saber, enquanto eu depilo o buço, quem é que vai fazer todas as outras coisas pra mim? Meu namorado é que não é. Afinal ele já tem uma série de compromissos com a própria vida.

Não basta se esforçar, depilar as pernas e quase tudo mais. Afinal, eu deixei lá o bigode. Quase como que gritando: “Ei, eu estou aqui. De mim você não vai se livrar. Quando menos espera eu nasço de novo!!!”

Meu namorado deve ter pensado na hora: “com mulher de bigode, nem o diabo pode!” Sem contar que deve ter se preocupado do meu amiguinho crescer mais que os fios da barba mal feita dele. Afinal, eu sou como um produto. E se ele é o consumidor, tem todo direito de reclamar. Ou não!?

Nós, mulheres modernas, vivemos às voltas com milhões de tarefas. Como um bando de equilibristas tentamos fazer tudo bem-feito. Mas vocês.. garanhões do século XXI, não precisam fazer as unhas, tirar as sobrancelhas, gritar de dor na hora da depilação, hidratar os cabelos, escová-los, ensebar a pele de cremes. (Bom, a não ser os metrossexuais, que fazem tudo isso e ainda entendem de moda muito mais que eu).

E aquela história que ele me disse... “há menos beleza no salão de beleza”? Soou horrível pra mim, mas era música para os ouvidos dele. É a hipocrisia da sociedade moderna! Quer saber? Há mais beleza no salão de beleza. Ou vocês acham que nós mulheres já nascemos prontas e não necessitamos de horas de arrumação antes de uma festa ou um encontro romântico?

Não deveria me render à escravidão da constante busca pela estética. Achar que valho menos porque estou com a sobrancelha malfeita ou as unhas sem esmalte. Mas também não quero ganhar nenhum concurso do maior bigode da cidade morena. Então, já anotei na minha agenda: depilar o buço!

Sou mais uma que se rende aos encantos e frustrações da procura pela perfeição. E pode deixar, amor. Nunca mais vou deixar meu bigode crescer mais que o seu.

Homens, valorizem as mulheres que têm! Sejam elas suas namoradas, esposas, mães ou irmãs. Não é fácil ser bonita, inteligente e divertida. Tudo ao mesmo tempo.

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