segunda-feira, 28 de março de 2016

Viva a Vida!

 
Na correria do nosso dia a dia sempre faltam horas e sobram afazeres. Estudar trabalhar limpar a casa cuidar das crianças fazer compras pagar contas ficar bonita manter-se saudável malhar. Ufa! É tanta coisa que só de pensar já passa um filme na nossa cabeça e um frio na barriga. E como é bom ao final do dia considerar-se cumpridor de todos os deveres. Excelente! Mas, amigo, abra os olhos. A VIDA É MUITO MAIS QUE ISSO. E a pergunta que não quer calar é: o que realmente importa quando chegamos ao fim dela?

Serão os almoços em família e os aniversários de criança que perdemos porque tínhamos uma prova ou um trabalho importante a fazer? Ou ainda todo aquele dinheiro na conta do banco que poderíamos ter gasto em uma viagem inesquecível? Talvez seja aquela conversa na varanda em um fim de tarde que não existiu porque estávamos cansados demais pra passar um tempo conversando com quem a gente ama? Ou a sobremesa deliciosa que deixamos de comer por causa da dieta fitness?

Não, eu não estou dizendo que precisamos jogar para o alto todas as nossas responsabilidades e fazer apenas o que nos é prazeroso. Longe de mim! É claro que precisamos trabalhar ou não teremos dinheiro para sobreviver, precisamos estudar ou não vamos adquirir todo conhecimento do qual necessitamos. Eu só acredito que, entre tantos deveres, deveríamos lembrar o direito que temos de ser feliz.

Afinal, no fim da vida o que realmente importa são esses pequenos instantes. São eles que nos proporcionam desfrutar de doces recordações e reviver esses prazeres. É o momento que passamos com nossa família, o riso solto das piadas que podem nem ser tão engraçadas assim, aquele mico que na hora faz a gente querer enfiar a cabeça num buraco mas que depois vira diversão. São as histórias que teremos pra contar.

É como uma colcha de retalhos na qual costuramos um pedacinho todo dia. O álbum de fotos que guarda as recordações que por vezes nossa cabeça esquece. A carta de um amigo querido que nos emociona a cada palavra. A canção que serviu de trilha sonora para o romance.

A travessura malsucedida, a fuga cinematográfica e o castigo ainda mais digno de filme. O tombo que você levou quando aprendemos a andar de bicicleta e o machucado que não sarava porque você tirava sempre a casquinha. O flashback que foi de Bonde do Tigrão à É o Tchan em que você dançou todas as coreografias. O videokê em que seu tio cantava panela velha e você Sandy e Júnior ou Mamonas Assassinas. A cumplicidade das suas amigas que iam com você comprar absorvente e te ajudavam a escondê-lo em várias sacolas dentro da bolsa. O tampo do dedo que você perdeu marcando aquele golaço na pelada do asfalto. A franja que ficou mais curta do que deveria. A primeira vez na praia olhando a imensidão daquele mar sem fim. Os infindáveis meses estudando pro vestibular; a decepção de não ter passado e a alegria da aprovação. O primeiro salário do primeiro emprego. A rosa que ganhou do namorado acompanhada de um bilhete super fofinho. A briga com seu melhor amigo e a alegria da reconciliação. O dia em que descobre que tudo que seus pais fizeram foi realmente pensando no seu bem, mesmo eles não sendo perfeitos como você e todo mundo também não são. E o muito mais que anda há pra ser vivido. Tudo isso faz o que você é.

Dizem que, no último instante, fazemos uma retrospectiva de tudo que já vivemos. E daí pode surgir o arrependimento justamente por não ter vivido como gostaríamos. Então, não espere o momento em que não se possa mais recomeçar (não nesta vida), e faça hoje o que amanhã você desejará ter feito.

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