quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Hoje é dia de passar vergonha

 

Dia difícil logo pela manhã. Acordei atrasada e vim correndo pra faculdade. Precisava pegar um trabalho que meu namorado imprimiu pra mim e chegar a tempo de entregá-lo para o professor. Na pressa, quando vi meu namorado estacionei o carro em local proibido, liguei o pisca-alerta, estendi a mão pra pegar as folhas e sair logo dali antes de ser flagrada infringindo as leis de trânsito.

Ah se eu soubesse.. teria evitado a vergonha. Meu namorado - que vive passando no sinal vermelho - resolveu gritar a plenos pulmões: "isso é ridículo. não acredito que você vai parar em local proibido. pode estacionar em outro lugar ou não vou te entregar os papeis". ÓTIMO. Eu fiquei furiosa - mesmo sabendo que estava fazendo coisa errada - e estacionei bufando de raiva, enquanto o segurança da faculdade assistia minha vergonha de camarote e dava uma "risadinha". Aff. Emputecida, mal falei com meu namorado, vim pra aula pra não chegar mais atrasada, e mandei um "textão" esculhambando ele no whatsapp.

Poxa vida, sei que muitas vezes também trato mal as pessoas que me amam [Só pode ser um mal do ser humano - quando sabemos que a pessoa vai estar ali apesar de todas as dificuldades, achamos que podemos descontar nossas frustrações e tratá-las sem a devida gentileza]. Mas isso está errado. Todos precisamos aprender a ser gentis com os outros, principalmente com aqueles de quem gostamos. Afinal, já basta o mundo, que deixa a desejar em matéria de gentileza.

Depois, na sala de aula, tento ser paciente e prestar atenção ao que a professora explica [mesmo achando que nosso sistema de ensino falido usa métodos arcaicos e lutando todos os dias pra levantar pra cama e vir pra faculdade, como quem se submete à uma tortura]. Mas meu pensamento borbulha, e fico aqui me perguntando como mudar o mundo e levar conhecimentos úteis para as pessoas que precisam.

Aí, no meio da aula, enquanto vejo projetos de algumas ONGs - como o Politize!, ótima por sinal - abre um vídeo aleatório com uma mulher falando "na américa latina e no caribe blablabla" e, como eu tinha esquecido de deixar o computador no mudo, todos - inclusive a professora - tiveram a mais absoluta certeza de que eu não estava prestando atenção na aula. Mais um constrangimento que poderia ser evitado.

Depois disso, não satisfeita com o abalo emocional que a minha autoestima já teve hoje - e olha que ainda são 10 da manhã! - resolvi escrever outra vez no blog. Ensaio tanto! E nunca escrevo. Por vergonha.

Mesmo sabendo que meu público é zero, tenho receio de que alguém leia as confissões mais íntimas da minha alma aqui e me julgue por isso. Só que hoje eu cansei. Podem me julgar. Sou mais que seus julgamentos.

Sabe, todos os dias a vida me presenteia. Tenho aprendido lições maravilhosas que mudaram completamente meu jeito de ver a vida e a minha maneira de pensar. São tantas coisas boas que eu tenho vontade de sair por aí,  gritando pro mundo as descobertas que batem à minha porta. É como se minha alma tivesse tão preenchida agora que transbordasse. E sinto uma necessidade enorme de fazer com que as outras pessoas também possam desfrutar de todas as alegrias que tenho tido ultimamente.

Enfim.. esse texto foi só pra lembrar que eu estou viva. E estou de volta. E vou escrever, ainda que meus textos não se comparem à literatura de Jorge Amado. Vou escrever pela simples necessidade de dividir os pensamentos que se multiplicam. Vou escrever porque desejo me libertar do medo e da vergonha - que nada mais é do que o medo do que pensam de mim. Escrevo por rebeldia. Para incentivar minha coragem. E libertar minha alma. Por isso escrevo.

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